Hamlet: 16 x 8
Autobiografia de Augusto Boal, “Hamlet e o Filho do Padeiro: Memórias Imaginadas” é
o mote
do solo de Rogério Bandeira com direção de Marco Antonio Rodrigues.
Pela primeira vez me senti sozinho, em teatro.
Sou homem de grupo (...)
o peixe que vive em cardume. Sou cardume!
Augusto Boal
Hamlet: 16 x 8 é uma obra cênica interpretada por Rogério Bandeira, com direção de Marco
Antonio Rodrigues, a partir de trechos da memória e da experiência relatada por Augusto Boal
no livro “Hamlet e o Filho do Padeiro: Memórias Imaginadas”.
No palco, o escritor e encenador é personagem e figura quase mítica. A cena vai peneirando os
achados, os ditos e os quereres de Boal representando toda uma geração do teatro brasileiro
refundada no Teatro de Arena.
“Boal sempre sonhou, sem fazer o Hamlet no pequeno palco do Arena. Talvez porque duvidar dê
sentido a um eterno caminho. Por isso, menos como homenagem, mais como procedimento, este
artefato cênico na forma de monólogo dialogado assim se autobatiza”, diz Marco Antonio.
Os ecos vão ganhando materialidade - tempos, geografias e subjetividades são presenças que
invadem o imaginário contemporâneo, brasilidades sublinhadas.
“Boal é nossa inspiração. Estão em cena através da figura do Rogério Bandeira, inspirações
vindas da “teoria” e da “prática” dele, Augusto. A teoria no caso é a memória Hamlet e o filho
do Padeiro, que passeia com graça e talento pela vida e obra do Boal em depoimento pessoal e
coloquial, sua autobiografia. A prática é o dito e feito no show Opinião: a esfera privada, familiar
e hamletiana do ator em tensão dialética com a atuação pública. Boal e Bandeira são intérpretes
e personagens” reitera Marco Antônio. “Meu contato com o livro, após participar com a Cia. do Latão
de seu lançamento pela editora
Cosac Naify, fez com que eu mergulhasse por outras vias na literatura de Augusto Boal, que não
a pedagógica ou dramatúrgica. Dessa vez, me deliciei com a forma distanciada e poética em que
o autor aborda sua vida: família, palcos, professores, ditadura, exílio, medos, mas
principalmente, o experimento revolucionário em sua passagem pelo Teatro de Arena”, declara
Bandeira